sexta-feira, 27 de julho de 2007

- A Cidadania das Micro e Pequenas Empresas -

O Brasil de amanhã – desenvolvido ou ainda emergente – será exatamente a nação que tivermos a capacidade e o empenho de edificar. Assim, é fundamental entender que o caminho da prosperidade socioeconômica passa, necessariamente, pelo crescimento sustentado do nível de atividades e por uma série de políticas públicas articuladas. Temos de resgatar o passivo social, democratizar as oportunidades e transformar empregos, empreendedorismo e salários dignos nos principais meios de inclusão de milhões de habitantes nas prerrogativas da cidadania e de garantia dos direitos básicos à saúde, educação, moradia, cultura e lazer.
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A gênese do país socialmente justo que tanto almejamos está no espírito solidário dos brasileiros

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A dimensão do desafio não deve ser motivo de desânimo, mas sim entendida como oportunidade histórica de o país avançar de forma significativa no Índice de Desenvolvimento Humano, das Nações Unidas, em cujo ranking continua ocupando desconfortável posição. Enfrentar com sucesso o problema exige ampla mobilização da sociedade civil organizada, dos setores produtivos e do voluntariado.

O ânimo relativo à nossa capacidade de implementar positiva transformação histórica renova-se plenamente no crescente engajamento da sociedade civil na promoção do bem comum. Exemplo disso é o estudo "A Responsabilidade Social nas Micro e Pequenas Empresas", realizado pelo Sebrae. É estimulante constatar que 74% dessas organizações realizaram pelo menos uma ação social nos 12 meses que precederam a pesquisa. Esse expressivo dado constitui um dos principais destaques da pesquisa.

O estudo, que será publicado em forma de livro, salienta que predominam – no exercício da responsabilidade social das pequenas e microempresas – "ações de caráter filantrópico e/ou de caridade (38%), em períodos regulares, de baixo valor financeiro, sem acompanhamento dos resultados pelos executores e sem divulgação". Também aparecem ações sociais na área da saúde (29%). Em menor proporção, há uma sucessão heterogênea de programas com idosos e jovens, de prevenção e combate às drogas e ao álcool, participação em projetos culturais, meio ambiente, educação, proteção dos animais, segurança e preservação do patrimônio público. Em 67% dos casos, as ações foram realizadas por meio de doações em dinheiro; em 43%, doações de produtos da empresa; em 21%, doações de alimentos; em 19%, trabalho voluntário dos próprios empresários; 6% citaram o trabalho voluntário de funcionários; 4% cederam espaço para atividades sociais; e 22% citaram outras formas de promoção do bem comum.

Quanto à relação com funcionários, são 66% as pequenas e microempresas -ou seja, elevada proporção- que possuem algum sistema de sugestões de melhoria de processo e/ou produto. Dezoito por cento têm programas de participação dos colaboradores nos lucros. No tocante aos valores defendidos, verificou-se forte concentração nos itens relacionados aos clientes, como "respeito" (79%) e "qualidade do atendimento" (62%). Menor preocupação, curiosamente, foi identificada na relação com fornecedores e mesmo concorrentes.

Dentre as principais recomendações do estudo para expandir e aperfeiçoar as ações de responsabilidade social das micro e pequenas empresas destaca-se a necessidade de conscientização mais ampla sobre a importância do engajamento crescente em programas do gênero. Outra sugestão é a maior divulgação da possibilidade de realizar ações sociais sem que isso implique necessariamente dispêndio de recursos financeiros. Também são propostos disseminar os benefícios potenciais da maior participação dos colaboradores nas decisões da empresa e nos seus resultados, bem como a monitoração dos resultados das ações realizadas e o desenvolvimento de valores ainda pouco defendidos. A meta é obter maior equilíbrio e qualidade na interação com a sociedade e todos os públicos do universo de relacionamento das empresas.

Claro que é sempre necessário avançar na prática da responsabilidade social, mas não importa se parte da atuação solidária identificada nesse importante estudo do Sebrae ainda careça de perfeita sintonia com os parâmetros contemporâneos e profissionais do terceiro setor. O essencial, no caso, é a intenção e, sobretudo, o gesto de ajudar.

A experiência prática dos próprios empresários e os modelos disponíveis, desenvolvidos por competentes fundações e institutos existentes no país, irão se encarregar de contribuir para o aperfeiçoamento das ações. A mobilização das pequenas e microempresas paulistas demonstra, de forma tácita, não ser utópico o país desenvolvido e socialmente justo que tanto almejamos. Sua gênese está no espírito solidário e na consciência cívica dos brasileiros.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

- Investimento Social Privado -

O investimento social privado é uma das várias facetas da responsabilidade social. Empresas cada vez mais têm investido recursos em projetos sociais e há uma maior demanda por resultados concretos.

O investimento social privado é o uso voluntário e planejado de recursos privados em projetos de interesse público. Ao contrário do que muitos pensam, o investimento social privado não deve ser confundido com assistencialismo.

  • Como qualquer investimento, as pessoas físicas ou jurídicas que financiam projetos de cunho social têm o intuito de aferir os resultados alcançados. Há, portanto, a preocupação em se gerar um retorno positivo à sociedade, de forma que o monitoramento das atividades desempenhadas seja constante e envolva uma equipe de profissionais, tais como assistentes sociais, pedagogos e educadores. Isto leva ao crescimento e maior profissionalização do ''terceiro setor'' frente às dificuldades dos setores público e privado no combate às mazelas sociais do país.
  • Em estudo realizado pelo Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), constatou-se que 79% dos associados ao GIFE realizam alguma forma de plano estratégico para nortear sua atuação social, sendo que 91,7% dos 48 associados pesquisados realizam regulares avaliações de resultados (Investimento Social Privado no Brasil, 2000). Algumas referências interessantes:

Grupo de Instituições, Fundações e Empresas (GIFE). O GIFE baseia sua atuação no fortalecimento do terceiro setor (especialmente das organizações sociais de origem empresarial) no desenvolvimento de políticas públicas e nas ações de seus associados, que vêm criando e aperfeiçoando suas práticas e tecnologia de investimento social privado.

Banco de Tecnologias Sociais. Programa voltado para a disseminação de tecnologias de baixo custo e fácil aplicação para problemas sociais nas áreas de alimentação, demanda de água, renda, energia, saúde, educação e meio ambiente. O Banco é uma base de dados contendo informações sobre tecnologias cadastradas através do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social que, em sua primeira edição, certificou 128 ''soluções sociais''.

Council on Foundations. O Council on Foundations (COF) é referência internacional no tocante aos requisitos mínimos para fundações. O site oferece respostas práticas para empresas interessadas em montar fundações filantrópicas, além de organizar eventos e seminários sobre o tema.

terça-feira, 10 de julho de 2007

- Os Jovens e o Primeiro Emprego -

  • O desemprego é, hoje, um dos maiores problemas relacionados ao mundo do trabalho, em escala mundial. A globalização provocou, entre as empresas, uma onda de fusões e incorporações, levando-as, com isso, a produzirem mais, em menor tempo e com menos empregados.
  • No tocante ao nosso país, as causas do desemprego não se referem apenas à globalização, mas advêm da própria estrutura econômica brasileira, com seus baixos índices de crescimento econômico, gritante concentração de renda, grandes desequilíbrios regionais e exclusão social.
  • Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o desemprego brasileiro atinge predominantemente os jovens. A dificuldade de inserção deles no primeiro emprego não decorre apenas da falta de conhecimentos específicos para o trabalho e da baixa experiência profissional. O nível educacional se constitui importante fator que influencia as possibilidades de inserção e o tipo de ocupação.
  • No caso de crianças e jovens de baixa renda, a entrada no mercado de trabalho, obrigatória para aumentar a renda familiar, causa, quase sempre, problemas para a continuidade dos estudos. A situação cria um ciclo vicioso, pois contribui para que estes trabalhadores tenham uma qualificação deficiente face às exigências, pelo mercado, de maior escolaridade para a obtenção de postos de trabalho qualitativamente superiores.
  • A criação do Consórcio Social da Juventude, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, com suporte de suas Delegacias Regionais (DRTs), afigura-se, pois, como iniciativa extremamente oportuna, até urgente, pois, somente com o apoio de políticas públicas e de programas específicos, o ingresso dos jovens no nosso mercado de trabalho poderá ser facilitado.
  • As parcerias entre poder público, setor produtivo e sociedade civil deverão dar o suporte necessário às políticas governamentais, sendo o melhor caminho para a viabilização de iniciativas específicas de geração de empregos para jovens e do fortalecimento da chamada ''educação para o empreendedorismo''.
  • A inclusão do cidadão na sociedade, também é realizada por meio de entidades – Serviço Social da Indústria (Sesi), Serviço Nacional da Indústria (Senai), Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), além de grupos de ação de Responsabilidade Social (Projeto Atitudes Permanentes) –, que dão a sua efetiva parcela de contribuição ao Programa Primeiro Emprego, do governo federal.
  • A missão do Senai, por si só, já é a própria capacitação profissional, dentro de uma ótica de formação que não se esgota na conquista de um certificado ou diploma, mas que exige educação continuada e desenvolvimento de novas habilidades, permanentemente, com ênfase, sobretudo, na elevação do nível de empregabilidade do trabalhador.
  • O Sesi responde pela área de educação formal e, ainda, por ações esportivas, de lazer e de formação artística, previstas no Plano de Trabalho do Consórcio Social da Juventude, a ser lançado esta semana em nossa Capital.
  • O IEL dá sua parcela de contribuição com ações na área do empreendedorismo, especialmente com a realização de cursos de formação empreendedora para o primeiro emprego, dentro do Plano Estadual de Qualificação (FAT), além de ações de capacitação e de inserção de estagiários em empresas.
  • O CIEE promove um convênio que estabelece cooperação recíproca das partes – Empresa-Escola-Aluno, visando o desenvolvimento de atividades para a promoção da integração ao mercado de trabalho, de acordo com a Constituição Federal, através da operacionalização de estágio de estudantes.
  • Os grupos de ação de Responsabilidade Social como o Projeto Atitudes Permanentes também trabalham em diversos seguimentos, sempre aonde a temática socioambiental possa promover a conscientização popular, ética e cidadania e a economia solidária.
  • Ratifico o apoio do Projeto Atitudes Permanentes a tão importante iniciativa, salientando que estaremos sempre dispostos a dar suporte às ações do poder público e privado, voltadas para a população, pois representa uma fonte inesgotável de energia, talentos e idéias, da qual o nosso país não pode dispensar.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

- A universidade é uma semente para as reflexões sobre o desenvolvimento sustentável -

Como as universidades podem contribuir com o movimento de responsabilidade social empresarial? Essa questão vem sendo debatida na academia, nas empresas e nos institutos de pesquisa. Além de procurar criar uma grade curricular formando profissionais que atuem com uma postura em favor da sustentabilidade e da ética, os agentes do ensino superior levantam outros aspectos. Um dos temas tratados ao longo da eleição para a presidência da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) foi a responsabilidade social do cientista.
  • Renato Janine Ribeiro, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, escreve em seu livro Por uma nova política – Uma campanha na SBPC (Ateliê Editorial) que falta aos cientistas uma maior preocupação social. “A responsabilidade social do pesquisador deve ser colocada em discussão. Você faz pesquisa para quê? Se faço uma tese em filosofia grega, o que é muito importante, tenho que saber explicar por quê. Direi, por exemplo, que uma universidade sem bons estudos de filosofia grega está limitada em sua compreensão geral do mundo. Esta é a justificação, e ela tem de ser dada. Não devemos ter medo do escrutínio público”.
  • Por esse motivo, o Ministério da Educação incluiu indicadores de responsabilidade social no novo sistema de avaliação das universidades e faculdades, o Índice de Desenvolvimento do Ensino Superior (Ides). A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) publicou em 2003 um balanço social em que, além de revelar suas posturas em relação a questões trabalhistas, ambientais, administrativas, mostra a contribuição da geração de conhecimento ao conjunto da sociedade. “A UFRGS fez uma belíssima interpretação de indicadores sociais para a universidade pública. Eles estão revendo suas práticas em questões como eqüidade de gênero e da admissão de cotas nas políticas nas contratações”, explica Cláudio Boechat, professor e gerente da Fundação Dom Cabral.
  • Para ele, tais atividades e discussões transmitem ao aluno a possibilidade de exercitar valores depois de formado. “As universidades passam por um momento de séria reflexão. O pensamento da responsabilidade social e da sustentabilidade são uma base teórica que tem sido colocada na grade curricular e na administração das instituições e isso é, de certa forma, uma demanda que parte dos jovens”, defende Boechat. O vice-diretor administrativo da Escola de Administração de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Eaesp), Jacob Jacques Gelman, afirma que o debate sobre a administração socialmente responsável ainda está no início, mas já tem influência e atrai os interesses do setor privado. “As instituições de ponta já organizam cursos e procuram capacitar as pessoas a gerir seus negócios com responsabilidade social. O primeiro papel da universidade é reunir informações sobre o assunto e disseminar o que vem sendo feito”, explica.
  • A opinião também é defendida por Ricardo Young, presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Ethos. “Responsabilidade social implica uma nova cultura de gestão. A preocupação de formar lideranças empresariais que tenham a administração socialmente responsável como sua visão primeira é fundamental para o aprofundamento do movimento pelo desenvolvimento sustentável”. Segundo ele, o crescimento da participação anual em prêmios como o Ethos-Valor atestam o aumento do interesse dos universitários. “No entanto, ainda são poucas instituições de ensino com expertise sobre o papel da responsabilidade social corporativa”, defende.
  • Por esse motivo, o Instituto Ethos concebeu o UniEthos, que irá produzir conteúdos didáticos e capacitar multiplicadores para atuar em empresas, universidades e consultorias para o ensino, pesquisa e produção de conhecimento nos temas da responsabilidade social e do desenvolvimento sustentável. “Nosso objetivo é levar o debate de forma mais sistematizada para as universidades e estimular as empresas, entidades e governos a promover a gestão socialmente responsável com mais qualidade”, defende Ricardo Young. “O papel das universidades nesse contexto é fundamental, uma vez que elas produzem cultura, profissionais e, principalmente cidadãos”.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

- A Empresa e o Voluntariado -

- O EMPRESÁRIO TRANSCENDE O SETOR PRODUTIVO, SENDO UM EMPREENDEDOR SOCIAL -


Face à valorização do grande capital da empresa competitiva - seus clientes, na modernidade, a grande constatação é que o número de empresas e profissionais, os mais diversos, em doarem não somente dinheiro, mas, tempo, conhecimento, solidariedade humana, trabalhos solidários, crescem, a cada momento.

Mais de 700 empresas brasileiras em nosso País, já se conscientizaram deste novo paradigma de sobrevivência no mercado competitivo atual, constituindo num novo diferencial de relevante importância.

O empresário não é mais somente do setor produtivo, mas, um empreendedor social que identifica as suas atividades ao meio em que atuam como empresa - afirma o Dr. Francisco de Azevedo, diretor-executivo da Telemig Celular, palestra proferida em Fortaleza. A responsabilidade social é uma forma ética pela qual a empresa se relaciona com os seus clientes, consumidores, justificado na premissa de que os problemas sociais no Brasil são indimensionáveis, graves, arrastando-se ao longo de décadas, e que o Governo não pode solucioná-los adequada e rapidamente dentro da premência de cada um dêles. A responsabilidade social é uma tendência mundial que promove ações de acordo com a demanda de cada país. Conseqüentemente, a sociedade, autoridades governamentais e não governamentais e empresários haverão de aglutinar-se em projeto maior - solidariedade humana em favor dos mais carentes e excluídos da sociedade, ´que ensine o homem a pescar e não dar-lhes o peixe´.

  • A responsabilidade social de cada empresa soma-se ao voluntariado que se define como um exercício de cidadania - afirma o professor Valdir Cimino, da Associação Viva e Deixe Viver. E continua: ´é a capacidade e a possibilidade de construir ou transformar a cooperação dos voluntários em um mundo mais digno e maior para todos´. As empresas modernas e os profissionais brasileiros mudaram - não há dúvidas nesta assertiva, realça o Valdir Cimino. A cada dia, o universo de pessoas e empresas arregaçam as mangas e tentam colaborar, de qualquer maneira, para um mundo mais justo e fraterno, exemplificando-se, no momento, o Projeto ´Fome Zero ´ do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
  • Os objetivos e projetos implementados são múltiplos que vão desde a arrecadação de fundos financeiros para auxílio à comunidades carentes, pobres, miseráveis, até à leitura de histórias em hospitais para crianças acometidas de câncer, doenças outras terminais, passando por aulas transmitidas à pessoas de baixa renda, humildes, auxílio na recuperação de alcoólatras, viciados em drogas e portadores de aids.
  • Muitas empresas brasileiras já estão engajadas na implementação de ações sociais no meio em que atuam e estão apoiando os seus colaboradores que venham a se dedicarem ao voluntariado, algumas até financiando serviços comunitários, mesmo no horário de expediente. Empresas outras desenvolvem projetos internos de participação social que reúnem os seus colaboradores, após treinamentos direcionados e compatíveis para atendimento de necessidades específicas existentes nas comunidades em que atuam. O grande objetivo da empresa é auxiliar o homem, afirma o professor Valdir Cimino, em seu processo de humanização, utilizando para tanto a responsabilidade de cidadania em que o homem é um ser solidário por natureza, devendo, portanto, sentir-se responsável pela melhoria de vida das pessoas mais carentes excluídos da sociedade, voltadas para o ideal de servir - filosofia rotariana de Paul Harris, fundador do Rotary Internacional.
  • Enfim, a empresa voltada para esta responsabilidade social encontra um marketing de relacionamento com o seus clientes mais fácil, enquanto, os seus colaboradores apresentam um processo de mudança comportamental, comprovando-se na prática uma melhor e maior motivação na cumplicidade do sucesso da empresa. ´Exercitar-se a empresa na responsabilidade social é ter um forte diferencial, considera Valdir Cimino´.

domingo, 1 de julho de 2007

- Filantropia & Responsabilidade Social -

  • O povo brasileiro é solidário. São inúmeros os registros de atitudes de apoio desprendido, em momentos de catástrofe pública ou dificuldades coletivas. Essa solidariedade está enraizada na cultura popular, animada pelos valores da tradição religiosa e por uma realidade de exclusão social que leva um grande contingente a uma situação de extrema carência. É o que se vê, por exemplo, na promoção de campanhas de arrecadação beneficente e venda de artigos em geral para sustentar os chamados " trabalhos de caridade".
  • No Brasil, apesar do esforço que se faz em torno de campanhas para obtenção dos mais variados fundos sociais, a capacidade de doação da sociedade é muito baixa, se comparada a outros países. Estima-se que a média é de apenas R$ 23 reais per capita por ano. Esse número é extremamente inferior ao dos norte-americanos, por exemplo, cujas contribuições per capita são estimadas em algo equivalente a R$ 780 anuais. Isso não ocorre somente porque a sociedade americana é mais rica. Ela possui uma prática filantrópica composta por contribuição contínua, participação do cidadão nas entidades apoiadas e uma rigorosa fiscalização e acompanhamento dos repasses efetuados pelas entidades sociais beneficiadas. Já em nosso País, parte dos recursos advindos de doações nem ao menos chega a seus destinatários finais.
  • Para evitar ocorrências deste tipo é necessário que a empresa tenha compromisso com o processo de doação, envolvendo-se com a entidade social e ajudando-a a desenvolver ferramentas de avaliação que permitam medir os impactos efetivos das ações nos públicos beneficiados. Assim é possível acompanhar o caminho percorrido por esses recursos e mensurar os resultados sociais obtidos. Assegurar que os investimentos transformem efetivamente a condição de vida das pessoas é uma questão fundamental, ao alcance das empresas e que pode servir de exemplo para seus parceiros e para os governos. E o exemplo sempre é pedagógico para estabelecer modelos, prioridades e referências. É importante analisar que, quando se pretende uma parceria entre empresários, governos e entidades assistenciais para o desenvolvimento de programas sociais, os recursos destinados diretamente à filantropia também devem ser alvo de fiscalização, assim como a sociedade deve fazer com o dinheiro público. Mas as doações efetuadas pelas empresas brasileiras precisam fazer parte de um projeto mais amplo, que esteja referenciado em princípios e valores éticos e que contribua para a constituição de um cenário econômico sustentável. Esse horizonte deve nortear as ações das empresas socialmente responsáveis. É preciso envolver fornecedores, parceiros, funcionários e todos os agentes da cadeia produtiva num processo de transformação efetiva da sociedade. Faz parte desse processo exigir políticas públicas coerentes e evitar a prática assistencialista de somente angariar alimentos, agasalhos ou doação em dinheiro.
  • Por outro lado, é fundamental que a filantropia passe a fazer parte de uma estratégia global da empresa, com consistência, que ajude na montagem de uma imagem corporativa com responsabilidade social, o que contribui para impulsionar os negócios. Empresas que trabalham com a perspectiva socialmente responsável, que atuam no sentido de estabelecer uma agenda inclusiva, que preveja benefícios para a comunidade, levam vantagem na disputa de mercado.
  • Em levantamento realizado pelo Instituto Ethos em 2000 na pesquisa "Responsabilidade Social das Empresas - Percepção do Consumidor Brasileiro", o comportamento social empresarial é bastante prestigiado. Para 43% dos entrevistados, colaborar com escolas, postos e entidades sociais da comunidade é uma atitude que estimula a compra de produtos da empresa, e faz com que ela seja recomendada aos amigos. Em 2001, a mesma pesquisa mostrou que essa é uma tendência, já que praticamente o mesmo percentual de consumidores respondentes (42%) consideram que esse tipo de colaboração só aumenta o prestígio e as vendas das empresas que a pratica.
  • É inegável que as práticas filantrópicas vêm amadurecendo. Cresce a consciência de que esse tipo de ação deve ser constante, persistente e com compromisso, envolvendo todos os atores sociais. Cresce também entre as empresas a visão de que uma prática de intervenção socialmente responsável traz ganhos para o seu negócio, sua imagem e, principalmente, para a sociedade.