sábado, 25 de agosto de 2007

- Moradias Sustentáveis, o Ambiente Agradece -



As eco-moradias estão cada vez mais confortáveis, luxuosas e valorizadas na Inglaterra e nos Estados Unidos. Viver em habitações sustentáveis está deixando de ser, nos últimos cinco anos, sinônimo de privações e falta de conforto. Pessoas que vivem bem, e que não são ativistas ecológicas, também estão buscando uma vida em sintonia com o planeta. Este é o tema de uma surpreendente reportagem especial de 20 páginas publicada pelo jornal Financial Times de Londres.
  • Uma das razões para este novo fenômeno imobiliário investigado pelo jornal britânico é o aumento da consciência sobre os problemas ambientais, principalmente devido às mudanças climáticas. As residências são uma fonte importante de emissão de gases estufa nos países desenvolvidos em função da energia usada para aquecer e resfriar as casas e prédios, e também para alimentar uma quantidade crescente de aparelhos domésticos. O próprio concreto é considerado uma fonte de dióxido de carbono.
  • Além dos gases estufa, também existem problemas crescentes com a geração de lixo nas áreas urbanas das sociedades de alto consumo, com o gerenciamento da água doce disponível e ainda com os materiais usados nas construções. Na apresentação do caderno especial do FT, as moradias ecológicas não são apenas mais uma moda entre os ricos do primeiro mundo, mas indicam a total falta de opção diante dos graves problemas ecológicos do planeta.
  • Entre as novas tecnologias de geração de energia doméstica citadas pelo Financial Times estão os mini-aerogeradores, quase do tamanho de um ventilador convencional. Como são bem menores do que as tradicionais turbinas aéreas dos parques eólicos, os novos equipamentos têm um impacto visual muito mais reduzido e um dano ambiental quase insignificante, pois praticamente não oferecem riscos aos pássaros, ao contrário dos equipamentos tradicionalmente utilizados.
  • Luxuosas moradias ecológicas foram descritas pelo Financial Times. Não apenas mansões, mas também edifícios residenciais. Como o The Solaire, na ilha de Manhattan. O prédio de 27 andares tem 293 apartamentos para alugar e gasta 35% menos energia e 50% menos água do que os demais prédios da região. Além de painéis solares para captar energia, a água do banho e da pia das cozinhas é reciclada e usada nos vasos sanitários.

  • Na Inglaterra, a Rainha Elizabeth II vem se esforçando para dar um bom exemplo ecológico aos seus súditos. O caderno especial sobre habitações ecológicas do jornal Financial Times, informa que o Castelo de Windsor começará a receber energia de uma central hidroelétrica instalada no rio Tamisa, medida que deverá reduzir em 600 toneladas a emissão de dióxido de carbono anual.
  • Outro eco-empreendimento real, em funcionamento desde 2002 no Palácio de Buckingham, é um coletor de água usado para abastecer o sistema de refrigeração. O equipamento substitui seis resfriadores antigos. Depois de usada, a água vai para os jardins do palácio, onde os fertilizantes químicos estão sendo banidos. Dia 24 de outubro inicia a Semana para Poupar Energia no Reino Unido, onde o aumento da eficiência energética nas residências será um dos temas abordados.
  • No Japão, uma célula de combustível, com hidrogênio, está sendo usada desde abril para gerar energia de modo mais eficiente para a residência do Primeiro Ministro Junichiro Koizumi. O jornal inglês Financial Times questiona, no entanto, o fato do primeiro ministro viver sozinho em uma mansão enorme ao invés de morar em uma casa menor, e mais arejada, para dar um exemplo realmente ecológico à população japonesa que vive espremida em pequenas habitações.
  • A preocupação com a construção de casas e até cidades ecológicas, ou livres de carbono, como estão sendo chamadas, está chegando à China. O governo chinês planeja construir nos próximos anos sete eco-cidades. A primeira delas será em Dongtan, perto de Shangai. Em agosto, a empresa Arup foi contratada para fazer a cidade o mais próxima possível do conceito “neutra em emissões de carbono” para não contribuir com o aquecimento global. A primeira fase do projeto será apresentada em 2010.
  • Os chineses estão sendo assessorados pelo arquiteto norte-americano William McDonough considerado um dos papas das novas construções sustentáveis. A empresa inglesa Zedfactory, outra referência mundial em prédios ecológicos, está construindo em Pequim um condomínio residencial com 60 casas. A cidade inglesa de Newcastle também quer se livrar das emissões de carbono através do aumento da eficiência energética.
  • Na Alemanha, o jornal inglês Financial Times destaca os prédios ecológicos de Fraiburg, na região da Floresta Negra, que já viraram atração turística em função dos novos padrões ecológicos adotados. E na Suécia já há um bairro ecológico inteiro com mil residências, na cidade de Malmö, que também adota novos procedimentos sustentáveis na construção das casas, dos materiais ao sistema hidráulico, passando pelo planejamento urbano da comunidade sueca.

domingo, 12 de agosto de 2007

- O que são Créditos de Carbono ? -



Créditos de Carbono são certificados que autorizam o direito de poluir. O princípio é simples. As agências de proteção ambiental reguladoras emitem certificados autorizando emissões de toneladas de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e outros gases poluentes. Inicialmente, selecionam-se indústrias que mais poluem no País e a partir daí são estabelecidas metas para a redução de suas emissões. A empresas recebem bônus negociáveis na proporção de suas responsabilidades. Cada bônus, cotado em dólares, equivale a uma tonelada de poluentes. Quem não cumpre as metas de redução progressiva estabelecidas por lei, tem que comprar certificados das empresas mais bem sucedidas. O sistema tem a vantagem de permitir que cada empresa estabeleça seu próprio ritmo de adequação às leis ambientais. Estes certificados podem ser comercializados através das Bolsas de Valores e de Mercadorias, como o exemplo do Clean Air de 1970, e os contratos na bolsa estadunidense. (Emission Trading - Joint Implementation)
  • Há várias empresas especializadas no desenvolvimento de projetos que reduzem o nível de gás carbônico na atmosfera e na negociação de certificados de emissão do gás espalhadas pelo mundo se preparando para vender cotas dos países subdesenvolvidos e países em desenvolvimento, que em geral emitem menos poluentes, para os que poluem mais. Enfim, preparam-se para negociar contratos de compra e venda de certificados que conferem aos países desenvolvidos o direito de poluir.
  • Segundo Sergio Besserman Vianna - Presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “O aquecimento global é uma realidade inegável. Se ele não for tratado pelo mercado financeiro, algum outro mecanismo terá de ser criado para fazê-lo”.
  • Por sua vez, Eduardo Viola, Professor Titular do Departamento de Relações Internacionais e Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB, analisa: “Está claro hoje que para proteger o ambiente precisamos ir além dos mecanismos rígidos de comando e controle que predominaram no mundo nos últimos 30 anos”.
  • A criação de mecanismos de mercado que valorizam os recursos naturais é uma extraordinária inovação cujo primeiro exemplo deu-se nos EUA com a emenda de 1990 ao Clean Air de 1970. Por causa dessa Emenda de 1990, que criou as cotas comercializáveis de poluição nas bacias aéreas regionais dos EUA, a poluição do ar diminuiu numa media de 40% nos EUA entre 1991 e 1998. Varias iniciativas, seguindo o mesmo princípio, estão em processo de ser adotadas em vários países e internacionalmente (o Protocolo de Kyoto 1997 estabelece as cotas de emissões de carbono comercializáveis entre os países do Anexo 1 e o Clean Development Mechanism entre países desenvolvidos de um lado e médios e pobres do outro).
  • Os volumes do Mercado de Carbono têm estimativas das mais variadas, e na maior parte das matérias publicadas pela imprensa os índices não batem. Cada fonte indica um dado diferente, vai desde U$ 500 milhões até US$ 80 bilhões por ano - os analistas de investimentos consideram o volume estimado pelos especialistas insignificante, comparado com alguns setores que giram volumes equivalente num mês.
  • O que pode haver é uma forte demanda por países industrializados e uma expectativa futura de que esse mercado venha a ser um “grande negócio”, uma fonte de investimentos, do ponto de vista estritamente financista. Neste caso, a posição do Brasil é estratégica, em função de uma série de considerações que faremos adiante.